Menino menina

Por Cora

Minha contribuição enquanto mulher negra e lésbica.

Quando mudo minhas roupas para mais masculinas, eu noto uma diminuição de insultos e cobiça nos olhares masculino, não me sentia mais alvo dos olhares de certa forma.
Sofria muito menos preconceito, muito menos, muito menos preconceito por mudar a roupa somente, o respeito muda o olhar muda.

Quando eu abro mão das roupas femininas de certa forma eu passo agora a “pertencer” ao mundo masculino, e com os amores desse lado vem também os desamores.

• Não sofro mais “cantadas” na rua. Ando tranquila, tenho medo de ser roubada não dá violência sexual. É nítido como “ficamos” invisível

• Posso pegar geral, pois serei respeitada por isso e muitas vezes até glorificada por isso.

• Como estou no mundo deles agora, é normal escutar piadinhas de mulher, como grosserias muitas vezes. Como eles (homens) me notam como menino também de certa forma, não sou mulher mais, assim que acredito que eles pensem então podem falar as asneiras todas.
Nisso escuto vários relatos de violência doméstica, sexual e psicológicas.

O fato é que me sinto mais confortável com a vestimenta masculina.

E por pior que pareça, ela tem o “poder” de me livrar de alguns abusos que é somente sofrido por nós mulheres.

Sobre Edwiges Rabello de Lima

Mulher.
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Uma resposta para Menino menina

  1. Oi, Cora
    Eu, mulher cis branca lésbica, agradeço sua contribuição. Mudei muito minhas roupas, corte de cabelo e outros padrões, mas sempre mantendo alguns momentos de “menina”. Porém, acabo incomodada com o assédio. Minha ancestralidade portuguesa e o aprendizado do costurar e bordar (pouca gente acredita que tive essa formação) são apreciados por mim, guardam momentos bem interessantes. Fico mais menina que menino e até algo mais que dê vontade. Porém, o mundo tem cobrado armaduras, embrutecimento ou mascaramento dos hábitos ditos mais femininos. Talvez seja hora de ser mais menino do que menina. Seu texto me acompanha desde que recebi, sussurrando constantemente. Obrigada

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